segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O vento

Quando o vento sopra forte entre as janelinhas amontoadas dos prédios, ele está tentando te dizer pra respirar fundo.
Às vezes respirar parece ser uma tarefa impossível, seguir adiante e deixar o vento forte e raro soprar sem inala-lo parece mais fácil, como se meu corpo estivesse cansado de mais para isso.
Não pensei que deixaria isso acontecer, a vida é surpreendente, mesmo quando somos pretensiosos ao ponto de achar que já sabemos tudo.
O vento sopra tão forte que carrega consigo o tempo e as palavras que poderiam me curar, sinto que preciso delas tanto quanto você.
Mas o vento quer ser destrutivo e nem se nós agarramos forte em algo seguro, conseguiremos escapar de ser levados.
O vento logo se torna um furacão então todas as casas solidas que haviam sido construídas desmoronam, as plantações se perdem, todos os planos, todos os momentos, voam.
E então quando só restar cacos e paredes e prédios tombados, pedaços mortos de pessoas, eu e você diante do estrago causado por um dia ruim, vendo as palavras duras e doces jogadas ao vento, parados sofrendo imóveis.
Logo vem a brisa, amor, e ela secará nossas lágrimas, e nós dará força para reerguer tudo o que foi perdido, de alguma forma, eu sempre tive a certeza que tudo terminará bem.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vai dar tudo certo.

Desculpe amor,

Mas eu sou quem sou, andei muito, você não tem ideia o quanto, pra chegar aqui com estou agora.
Cada pedaço de mim foi costurado, minha vida é cheia de marcas, cheia de músicas e livros.
Eu aprendi andando tanto querido, que de nada adianta as brigas, que de nada adianta palavras duras, deixe-me por favor contar uma história:

"Havia uma senhora, que morava em uma cidade pequena, e falava mal da vida de todo mundo. Um belo dia ela se arrependeu e foi ao padre, - Padre, querido Padre, como eu faço para reverter o mal que fiz? e o padre disse: - depene uma galinha, suba a tore da igreja e jogue as penas ao vento. E assim a senhora o fez, depois voltou ao padre para saber o resto de sua penitencia - Pronto Padre, fiz tudo como o senhor mandou. e o padre então respondeu - agora busque-as. A senhora desesperada, não conseguiu catar nem metade delas. E então o padre disse: Senhora, suas palavras são como penas ao vento, uma vez ditas raramente podem ser retornadas"

Diante dessa historia, tão singela e esclarecedora eu te digo amor, de que adiantam as palavras faladas na raiva?

Eu posso não saber ao certo o que fazer mas sei o que quero, quero sentir a tranquilidade e a calma invadindo nosso espaço, quero sentir o carinho tão puro que temos e é tudo tão raro.

Não se joga fora ou se balança algo assim o tempo inteiro.
Então adianto-te logo, se não tiver certeza, não diga que tenha.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A festa dos zumbis

Hoje eu bati com a cabeça, o pé direito era baixo demais.
Então parei para olhar entre as escotilhas, eu não conversava com ninguém, não queria falar nem dar margens ao nada.
Comecei então a observar, as pessoas em baixo ouviam música a 95 dB no mínimo, e mesmo assim elas se movimentavam como bonecos de Olinda, apáticos.
Eles bebem, usam o que estão nas lojas, tentam, tentam e tentam, achar algum motivo medonho, na verdade eles só fazem parte do cardume, eles são tão miseráveis e morrem de medo do movimento, morrem de medo da expressão, não suportam a idéia de parecerem ridículos.
As pessoas não se divertem mais, não perdem os limites, mesmo quando estão entre luzes brilhantes e ritmos pulsantes. Tão presas, tão mórbidas, elas só conseguem me deixar triste e desesperançada essa é nossa juventude? Ao som de Strokes balançando os troncos apáticos?
Então eu me vi sozinha, minha cabeça latejava.
Andando em direção a porta do cemitério, e por Deus, eu não estou sendo ironica, andando em direção a exatamente onde todos nós robôs, vamos parar, eu não resisti a auto-piedade, eu não sou empolgada e motivadora em tempo integral, meus olhos antes perdidos no caminho começaram a marejar, por mim e por eles.
Moradores da caverna, saiam de onde estão, a falta de reflexão critica, de subjetividade e de entusiasmo vão sufocar vocês, por favor, dancem com vontade, vivam com alegria, percebam o clima, admirem o céu, leiam os livros. Porque uma hora acaba, e você vai estar sozinho a caminho dos portões do cemitério

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Eu culpo as comédias romanticas

Fechem os olhos e imaginem a cena depois de ler obviamente

Sexta a noite, uma semana depois dela o ter conhecido em uma festa qualquer seis dias atrás.  Ela está em casa usando, shorts e uma camisa cinco vezes maior do que o seu tamanho usual, (nada sexy hum, mas é a triste realidade), os cabelos estão presos em um coque frouxo e ela está na cozinha com a garrafa de mate na mão e o celular na outra. Pra ela segurar o telefone na mão já havia virado um toc, assim como roer as unhas, habito o qual ela foi forçada a abandonar após uma seção masoquista envolvendo extrato de pimenta e lágrimas.
O celular tem sua própria razão de ser, as pessoas podem magicamente falar com você após digitar uma sequência de números codificados então ele tocará sua musica personalizada e toda sua vida ficará bem pois você sabe que ainda tem contato com o resto do mundo, embora o sofá a tv e o pote de sorvete gritem o contrário.
Este aparelho que pode ser uma varinha mágica ou um objeto de tortura , está na mão da menina há pelo menos três horas ininterruptas e há pelo menos duas horas e trinta minutos ela parou de senti-lo como se o aparelho fosse parte integrante do seu corpo. E todo esse melodrama envolve, como não poderia deixar de ser, um rapaz.
Ou  poderíamos deixar o pronome indefinido de lado, não um rapaz mas sim o rapaz; na verdade só seria a bola da vez, o cara pelo qual a menina idiota que segurava o telefone estava afim.
Ela acreditava piamente que ele ia ligar, não só uma vez, mas sim para te dizer bom dia, boa noite e quem sabe, talvez, boa tarde? ela também acreditava que eles iriam sair num futuro próximo, ele a levaria em "seu lugar especial" em um ou dois meses ela conheceria a família dele, eles passariam um final de semana romântico em algum lugar e assim seriam o que convêm chamar de um casal feliz, ah, eu esqueci de mencionar que o status em suas respectivas paginas na internet seriam modificados para um "relacionamento serio".
Mas eu tenho uma triste noticia para dar a essa garota, que poderia ser você, sua irmã, a moça da padaria, sua vizinha, sua colega de classe, sua chefe e até sua avó se existisse celular naquela época.
Esse consciente comum de que a vida amorosa de uma garota vai dar certo é que as deixam assim iludidas, eu poderia culpar os valores, sim os valores que forçam fazem uma garota andar na linha; os valores que andam meio confusos e apagados, esses mesmos valores que comandam a vida em sociedade, ainda bem que a "sociedade" não está dentro das boates da lapa não é mesmo? (...)
Mas na verdade são as comédias românticas, sim Bridget Jones & Cia, a culpa é de vocês! são esses exemplos fictícios onde tudo dá certo, da forma mais improvável de todas e o cara sempre arma o maior carnaval para dizer as palavras que deveriam ter sido ditas no começo do filme sejam elas "eu te amo", "quer namorar comigo?", "eu não sou gay!" ou até "me desculpe por ter transado com a sua irmã, eu sou um idiota". Eu queria ver uma comédia romântica baseada em fatos reais, vamos lá, alguém conhece uma? não?não mesmo? talvez porque elas não existam, acho mais fácil alguém fazer um filme natalino com o Papai Noel no papel principal baseado em fatos reais que uma comédia romântica.
Talvez o cara ligue pra menina, provavelmente eles vão sair sim, vão para o cinema (espero que não assistam uma comédia romântica) ele vai beijá-la e ela não vai recusar, eles vão conversar, e quem sabe ele apresentará a família pra ela, e eles serão o casal feliz; mas isso é um talvez, não uma certeza.
Então garotas, eu tenho um ultimo conselho, talvez o melhor que eu já tenha dado: assistam mais suspense.