quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Podemos!

E talvez tudo isso possa acabar.
Talvez daqui a pouco possamos viver longe de tudo e nada.
Viveremos outra vida, outra realidade e teremos outros sonhos, delírios, devaneios.
Podemos até formar uma família, quem sabe? Plantar umas flores no fundo do quintal. Que tal se colocarmos aquele balanço que sempre sonhei  pendurado na árvore?
Passamos por diversas situações, já estamos aqui então podemos fazer qualquer coisa. Realmente podemos. Podemos ter o mundo em nossas mãos.
Jogar tudo para o alto, pegar o carro e cair na estrada, meu bem.
Por quê não fazemos?
Sim, está tudo mudando. Não podemos ficar estagnados nessa monotonia.
Temos o mundo! podemos fazer qualquer coisa!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Prisma

Foi a dor de cabeça que a fez acordar desta vez.
Ela via uma luz acessa no escritório e pensou que seu pai ou seu avô estivessem trabalhando em alguma coisa. A passos trôpegos de quem acaba de acordar, ela atravessou os dois tapetes e parou na porta do cômodo vazio, apagou a luz e entrou, luz não combina muito com o estado em que estava, ela olhou o relógio eram quatro e quinze da manha de uma quarta-feira, “dia inútil” pensava ela.
Julia resolveu tirar um ano de férias, então ela vivia num eterno final de semana, as vezes badalado, outras vezes solitário, a maioria das vezes tedioso.
Depois do segundo mês de “férias” ela já não conseguia mais dormir antes de cinco da manha, então passou a tomar tranqüilizantes a meia noite, dormia até as dez e depois ia dar uma volta, se o tempo ajudasse é claro.
Os cabelos dela caiam cansados sobre a blusa velha que usava como pijama, deixou seu corpo pousar no sofá fechou os olhos e os abriu imediatamente, não era justo que todas as vezes que fechasse os olhos pensasse nele, mas a vida não é nada justa, e ela se permitiu afogar-se na melancolia mais uma vez, quanto tempo havia se passado? Um ano, dois, ou talvez fosse um mês, uma semana, um dia, a cena era a mesma, sua lembrança mais forte.

Julia estava com um rabo de cavalo alto, usava um short jeans claro e sua blusa do Nirvana, Dan estava com aquele all star azul que ela adorava, eles pararam o carro na ponte que fazia curva, estava enferrujada, interditada, mas é claro que isso pouco importava, ela seguiu andando pela ponte até onde os trilhos cobriam o rio que a cortava, ele só acendeu o cigarro e olhava com curiosidade – sem preocupação, um indício que não se importava talvez – Ela voltou devagar pra ele, com algo nas mãos,
Era um prisma, uma bolinha de cristal que cabia no bolso do seu short. Com um sorriso torto ela colocou o prisma em sua mão e disse “Feliz Natal” ele olhou dentro dos olhos dela e a beijou como se nunca mais fosse beijar ninguém.
Abriu os olhos, estava no escritório, ainda eram quatro da manha, ainda era quarta-feira,
Ela voltou para seu quarto, tomou mais um remédio, e dormiu até uma da tarde.